Carlos Lúcio Gontijo
Nada mais entediante que ler os grandes jornais ou ver e ouvir as grandes redes de televisão brasileiras que, entre uma notícia sanguinolenta sobre o avanço da violência e imagem do anúncio de um caos qualquer, pratica desabrido jornalismo partidário e seletivo, que determina investigações que a uns acusa e a outros protege, ainda que tenham claro envolvimento em corrupção e malversação de recursos públicos, destronando a imprensa do patamar de quarto poder, uma vez que deixou de representar os anseios da população para agir em prol de seus próprios interesses políticos e até mesmo comerciais.
Dessa forma, procuro evitar o desgaste vão de comentar a série de novos escândalos que têm a alicerçá-los velhas denúncias que em nada redundaram em passado recente, a não ser semear a ideia de que o crime compensa, porque tem a garantia da impunidade, um contrassenso que iguala o bem e o mal, como se joio e trigo fossem uma só coisa ou que democracia fosse um regime sem ordem nem lei, sem regras nem limites. Meus 60 anos me empurram apenas para o que pode dar certo e, francamente, a análise do mundo político e demais poderes que regem a nação brasileira não me traz conforto algum e, cá pra nós, eles não estão nem aí para o que deles pensam o cidadão comum, que não passa de marionete em suas mãos.
Ando numa luta renhida para dar prosseguimento à minha caminhada literária. Desde o lançamento do romance “Quando a vez é do mar” saí em busca de engendrar formas de divulgá-lo, enviando exemplares, por intermédio da empresa de Correios, a muitas cidades brasileiras, utilizando-me da boa vontade de muitos amigos que aceitam (há quem se recuse!) a tarefa de distribuir livros para biblioteca municipal, bibliotecas de escolas, de faculdades, de entidades culturais etc.
Escrever e custear a edição do próprio trabalho é prova de desprendimento que se prolonga mesmo depois de o livro estar impresso, pois outras despesas se nos apresentam, como a preparação do lançamento e a remessa de livros Brasil afora. Dentro dessa lógica editorial independente, para os livros não ficarem num canto de minha casa, cuidei de enviar exemplares para Nova Lima/MG (pelas mãos de Ângela Maria Sales Dias, que nos brindou com a elaboração de bela síntese de toda a nossa obra literária); Camboriú/SC (recebidos pela poetisa Efigênia Coutinho); Campo Grande/MS (poetisa Delasnieve Daspet); Lisboa/Portugal (poetisa Carmo Vasconcelos); Dourados/MS (poeta Adilvo Mazzini); Floriano/PI (Maria do Carmo Silva); Belo Horizonte (escritor João Silva de Souza, jornalista Hamilton Flores, psicóloga Berenicy Raelmy, jornalista Alexandre Matos, o poeta Ádlei Duarte de Carvalho, os amigos Mário Antônio de Oliveira e Ronaldo Lacerda Souto); Betim/MG (poeta Antônio Fonseca); Contagem/MG (psicólogo Ronaldo Quirino); Bocaiúva e Montes Claros (prima Alice Gontijo); Divinópolis/MG (engenheiro Eli Antônio de Oliveira) e Teresina/Piauí, onde estarei em agosto, para realização de sessão de autógrafo, com os livros ficando sob a guarda do jornalista e professor universitário Magnus Martins Pinheiro. E como se tudo isso não bastasse, espero colocar no ar nos próximos dias um site inteiramente renovado, como maneira de comemorar os sete anos do espaço virtual (Flanelinha da Palavra) em que disponibilizo todo o meu trabalho literário, gratuita e livremente, aos internautas que me derem a honra de sua visita.
Como todos podem avaliar diante da descrição acima, meu empenho é total no cumprimento da missão de escriba menor com que Deus me premiou, não me cabendo em momento algum entregar-me ao desânimo ou me deixar abalar pela indiferença e portas que se fecham, pois não há caminho verdadeiro desprovido de pedras nem crescimento real sem poda. Ou seja, a dor, a decepção e a desilusão estão presentes em todas as atividades humanas e, de forma alguma poderia ser diferente com a literatura, que vive rodeada da mais constante festa junina de São João, pois o fogaréu de vaidades é interminável e o ambiente de absoluta falta de leitores também se faz imutável, enquanto os insuficientes recursos destinados à cultura terminam nas mãos dos mesmos notáveis de sempre.
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
27/06/2012