Contagem
Contagem
Se antes contava por contar
Assim já não conto mais
No ponto exato para amar
A conta que hoje faço
Tem soma de abraços
Nada toma e cria laços
Contagem me ensinou a juntar
A apurar o garimpo da viagem
E perfilar a vida passada a limpo
Respirando apenas o bem e a aragem
Provenientes da beleza de Várzea das Flores
Dos andores sociais da Comunidade dos Arturos
Das praças lembrando quintais sem muros
Da criatividade fagueira da Casa dos Cacos
E tantos outros incontáveis marcos
De uma cidade forjada no aço operário
E no passo portuário de sua gente!
Carlos Lúcio Gontijo
(O autor é cidadão honorário de Contagem mediante
aprovação, em Reunião Extraordinária do dia 07 de
agosto de 2007, do Projeto de Resolução nº 022/2007,
de autoria do vereador Arnaldo de Oliveira.)
Minha BH interior
Pampulha, Praça 7, Afonso Pena e Pirulito
Tudo ali é rito de cativante fonte de prosa
Horizonte embebido em aragem de luz
Soa o sino da Igreja da Boa Viagem
Abraço floresce tal qual sina de semente
Cultivada no regaço do Parque Municipal
O bate-papo termina no chope de um bar
Balcão de boteco se transforma em beira-mar
Toda Belo Horizonte cheira a Mercado Central
Mineiro é sinônimo de encontro marcado
Ressabiado como se meeiro de algum ouro fosse
Nunca se perde nem anda a esmo
Tem a si mesmo como provinciana capital
Tece arte e canta no ‘clube da esquina’ do amor
Por isso percebe em BH o seu próprio interior!
Sangue Montense
SANGUE MONTENSE
Carlos Lúcio Gontijo
De Santo Antônio do Monte eu venho
É a terra que retenho no olhar
É o par de olhos do meu passo errante
É diamante incrustado no chão de meus pés
É a terceira visão do meu caminhar distante
Seu solo mirante parece remar pro céu
A quase mil metros acima do nível do mar
Razão de sua gente engenhar fogos de artifício
Um ofício milenar de sagrada tradição
Forma colorida de canção ao Criador
Explosão de amor nos momentos de alegria
E quem duvidar dessa vocação sadia
Basta cortar a veia de um cidadão montense
Para detectar o sangue iluminado
Que, coagulado, pólvora irradia
Como se fosse escravo enclausurado
Condenado pela magia de fazer noite virar dia
REINADO DE LUZ
REINADO DE LUZ
Mestre conhecido por todo bom ‘congadeiro’
João Musgueiro se mudou para o firmamento
Onde ao Criador empresta agora o seu talento
Santo Antônio do Monte herdou-lhe a folia
Numa alegria que não se encerra
Batuque rasgando o ventre da terra
Passos de gente e de todo santo
Num canto de gemido sem desamor
Flor de riso semeado na cor do fole
Não há quem assim não se console
Quando o corpo bole ao som do tambor
Gerado na triste dor da escravidão
Do negro dançando no ritmo da luta
Enfrentando a força bruta do patrão
Clamando aos céus por alguma liberdade
Sob a vontade de tornar-se cidadão alado
Viver um reinado de mais pura luz
Mas hoje em plena igualdade de direito
O afrodescendente é festejado e aceito
A música do escravo virou folclore
É favo de mel que nossa vida colore!
Carlos Lúcio Gontijo