Quando quero contar sobre mim, são livros o que conto!

Carlos Lúcio Gontijo

 

          O ano de 2016 apresentou-me à fase de envelhecimento, colocando-me diante do enfrentamento a problemas de saúde e descobrimento da dura realidade da escassez de amigos verdadeiros. Ainda assim, não me deixei tomar pelo esmorecimento nem me afetar pelo baixo apreço das pessoas no tocante à literatura. Ou seja, mesmo adoentado lancei o livro “Tempo Impresso”, mandei à gráfica uma obra infantil intitulada “Beijoaria”, com ilustrações e diagramação do comunicador visual Nivaldo Marques Martins, e escrevi um romance, que está em processo final de revisão e receberá 30 fotografias do jornalista e professor universitário Hamilton Flôres.

          A meta que tracei é de comemorar (em 2017) os meus 40 anos de atividade literária, alicerçados no apoio sincero de leitores que muito me acompanham e na compreensão da família, que jamais se opôs ao investimento feito por mim na construção de minha carreira de autor independente.

          Distante e cada vez mais distanciado de academias e convescotes literários, sou muitas vezes visitado por inquietações e dúvidas, mas energias superiores sempre dão um jeito de me estimular com algum sinal positivo e efetiva demonstração de que ser pequeno não é sinônimo de falta de grandeza, como ficou evidenciado durante minha visita à Escola Estadual Senhora de Fátima, em Santo Antônio do Monte, no dia 22 de outubro de 2016, onde compareci (a convite de sua direção) para falar aos alunos de ensino médio matriculados naquela unidade escolar.  

          Atendi ao chamado da escola mesmo não estando bem de saúde, porém em avançado estado de recuperação, e ali me apareceu uma aluna de nome Luana. A jovem estava trêmula, mal conseguia falar, por estar diante de mim, um autor menor do qual a jovem se confessou leitora assídua, revelação que recebi como se estivesse sendo presenteado com um inesperado presente de Natal. Luana me passou uma caneta e pediu que eu deixasse minha assinatura em suas costas, sobre a blusa que então vestia.

          Eu levava em mãos um exemplar do livro “Poesia de romance e outros versos”, que cuidei dar de presente à jovem admiradora. Depois, quando retornava para casa, comentei com a minha esposa Nina: certo mesmo estava o filósofo Platão que afirmava que basta um único leitor, além do próprio autor, para justificar o esforço desprendido na elaboração e impressão de um livro.  

          Carlos Lúcio Gontijo

          Poeta, escritor e jornalista

         29 de outubro de 2016.