Carlos Lúcio Gontijo
O número de cidadãos idosos cresce sem o devido aparelhamento do Estado brasileiro para atender ao surgimento de novas necessidades na área de lazer e saúde. Pesquisas com a população idosa apontam as dificuldades de ser idoso no Brasil, pois além das carências materiais a grande maioria tem as limitações naturais impostas pela velhice agravadas pelo analfabetismo.
Lamentavelmente, a população idosa do Brasil se vê prejudicada pelo descaso com que a educação foi tratada ao longo dos anos, influindo negativamente na vida das pessoas mais velhas, que se nos apresentam menos escolarizadas que a população mais jovem. Entre os idosos, 89% não passam da 8ª série do ensino fundamental, sendo que 18% não tiveram nenhuma educação formal. Apenas 4% chegaram a frequentar um curso superior.
Acentua-se na população idosa a supremacia das mulheres, que representam 57%, ao passo que os homens acima de 60 anos são 43%. Mas, independentemente do sexo, o nível educacional insuficiente atrapalha muito a conquista de uma boa qualidade de vida por parte dos idosos, que não dispõem de uma política pública específica contra o analfabetismo e que, se efetivamente adotada por intermédio de competente mobilização social, poderá não apenas diminuir a falta de instrução, mas também dar uma ocupação para os idosos: primeiro com o próprio ensino e, depois, uma vez alfabetizados, a sua introdução no rejuvenescedor mundo da leitura.
A análise de levantamentos estatísticos assinala que o Brasil caminha para situar-se no patamar de sexto país de população mais envelhecida do planeta Terra, com 34 milhões de idosos, previsão que precisa ser acompanhada pelo governo (federal, estadual e municipal) por meio de medidas direcionadas ao atendimento da população acima de 65 anos, que reivindica grande número de geriatras, uma especialização médica pouco comum no Brasil, pois até pouco tempo atrás o país se nos apresentava como país de cidadãos notadamente jovens.
Hoje, sem que a sociedade, seus governantes e autoridades constituídas percebessem, a nação brasileira contabiliza uma imensa quantidade de gente que envelheceu sem contar com acesso democrático à educação e terminou por constituir preocupante quadro de idosos analfabetos, ostentando dificuldades tanto para absorção de informações relativas a doenças quanto para seguir as orientações de um simples receituário médico. E o que é ainda pior e mais triste: idoso analfabeto perde a oportunidade de preencher o vazio das horas com a mágica viagem de uma boa leitura.
Carlos Lúcio Gontijo
www.carlosluciogontijo.jor.br
Do Movimento Poetas del Mundo
Da ALB-MARIANA, AVSPE e ACADSAL