(*) Carlos Lúcio Gontijo
Construí minha vida em torno da poesia e da literatura. Meu acervo de amigos neste mundo gira em torno do exercício da arte da palavra escrita. Os amigos de infância que moram no meu peito são exatamente os que me estenderam a mão com o prestígio de sua presença nos lançamentos de meus livros (que em breve serão 25 títulos), ajudando-me a carregar o quebradiço, abandonado e desvalorizado andor da cultura brasileira.
Em meu álbum fotográfico de registro do lançamento da obra BODAS DE BULE – CAFÉ SEM PÓ em Belo Horizonte (4 de maio de 2019), quando Nina e eu comemoramos 40 anos de casamento, na terra em que alicerçamos nossas vidas, constatamos explicitamente o carinho derramado pelo amigo Osvaldo. Infelizmente, três membros do grande número de amigos que então compareceu ao bem-sucedido evento não estão mais conosco: o ADÍLSON BATISTA ANDRADE, o JOSÉ AFONSO LAMÊGO e, agora, o OSVALDO VENEROSO – todos eles contaminados pela Covid-19.
O querido e amado OSVALDO VENEROSO, que hoje (28 de maio de 2021 partiu deste vasto e pequeno plano de vida terrestre) é meu amigo desde a infância e pré-adolescência vivida em Santo Antônio do Monte. Seu pai, o bondoso e honesto cidadão Xisto Veneroso, tinha um bar no qual nos reuníamos para conversar, chupar picolé, tomar refrigerante e jogar futebol em tabuleiro de preguinho, que foi o “estádio sede” de uma disputa realizada em 1970, paralelamente aos jogos da Copa de 70. Eu tive a felicidade de ganhar o campeonato e o Sr. Xisto, que havia feito o tabuleiro da disputada contenda, houve por bem me premiar com a obra pelo fato de eu ter ganhado o campeonato. O troféu precioso é mantido pendurado numa parede da minha casa, da qual é frequentemente retirado por minhas netas, que se põem a brincar.
O Osvaldo e eu carregamos essa amizade e camaradagem ao longo de nossas vidas. Dessa forma, ao comemorar os meus 40 anos de casamento com Nina por intermédio de lançamento de livro, ele me honrou com sua presença, acompanhado da esposa Cida. Por sorte, o casal foi o ganhador de sorteio de um bule junto ao público presente, ao passo que Francisco e Catarina ganharam um quadro com poema de minha autoria.
A ausência do amigo OSVALDO VENEROSO no mundo físico deixa um enorme vazio, porém as lembranças guardadas em mim o fazem presente e espiritualmente real; um passo amigo a me acompanhar vida afora e, ao mesmo tempo, proteger-me das muitas solidões que atormentam os seres humanos em meio ao sentimento de estar só, ainda que em meio à multidão.
(*) Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
28 de maio de 2021.