Carlos Lúcio Gontijo
A grande verdade é que, mais uma vez, não temos em quem votar, para preenchimento do cargo de presidente da República. Assistimos a um processo sem trégua de aniquilamento da classe média, pois a renda das camadas mais pobres é proveniente da ampliação dos baixos salários. Hoje, o governo brasileiro qualifica os trabalhadores que percebem mil reais mensais como membros de uma nova classe média. Estamos diante de uma socialização às avessas, uma vez que, sem meios de bulir com os senhores detentores de expressivo volume de capital, as ações econômicas do governo se encaminham sempre no sentido de mover prejuízo para a classe média.
Vemos com tristeza a crescente obsessão das autoridades gestoras da educação em trabalharem pela transformação das escolas em fábricas de diplomas e, ao mesmo tempo, propagar a tola idéia de que o ideal para o Brasil é ostentar uma imensa gama de portadores de curso superior, ainda que desprovidos de conhecimento e integrantes do quadro de analfabetos funcionais – gente com diploma e incapaz de entender o conteúdo do que lê ou fazer os mais simples cálculos matemáticos.
Nosso trabalho nas áreas da literatura e do jornalismo nos deu uma clara visão sobre a importância da educação, uma vez que a formação de estoque de leitores é bastante diminuta e escassa, evoluindo em pleno acordo com o nível de ensino administrado no Brasil. Sem irmos longe, temos o caso de Minas Gerais, onde um professor de ensino fundamental (em greve e sem qualquer cobertura da imprensa mineira) tem como salário-base valor abaixo do mínimo estabelecido pelo governo federal. Então, para que o vexame e o descaso não sejam totalmente explícitos, o contracheque é contemplado com um punhado de penduricalhos para atingir somatório próximo de míseros R$600,00.
Dessa forma, ao olharmos em volta, não vemos em quem votar, porque praticamente toda a classe política se encontra comprometida com o que aí está montado e subdividido entre uma numerosa quantidade de municípios, onde alguns cidadãos são donos de todos os postos comissionados e agem como seres superiores aos demais. E enquanto ninguém faz nada a respeito, o trabalho de toda a Nação, que deveria ser carreado em benefício da totalidade de seu povo, por intermédio de maciça aplicação em educação, saúde, moradia, pagamento de aposentadorias e pensões menos indignas, investimento em transporte, saneamento etc., vai sendo adiado para o tempo do nunca, independentemente de quem seja o presidente, o governador, o prefeito e toda a parafernália burocrática que acompanha cada governante eleito, pela unção de urnas democráticas, para administrar sob a égide de uma estrutura ditatorial.
Carlos Lúcio Gontijo
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