O que acontece no plano político nacional, principalmente após o advento da reeleição, é reflexo do que se dá no âmbito municipal, onde são muitos os casos de malversação de recursos públicos, fazendo com que se detecte sujeira até em contratos de limpeza urbana. Não dá para acreditar em mais nada, pois os que se nos apresentam com promessas de apagar os incêndios são os próprios incendiários, autores e condutores de todas as leis e de toda a estrutura social perversa em que vivemos. Pelo que nos é dado observar, a miséria social, a violência e a desproteção ambiental se eternizarão entre nós, pois tudo (até a pobreza) é fonte de muito discurso e obtenção de verbas nesse Brasil “ongnizado”, onde os governantes optaram por praticamente “terceirizar” a área assistencial.
As cidades de menor porte são as que mais padecem com os cidadãos que se consideram mais iguais que os outros iguais e elevam seus interesses particulares sempre acima das reivindicações da maioria. Mais que nos grandes centros, a gente logo nota que determinadas localidades têm donos, com setores, grupos e famílias dando as cartas, mandando e desmandando. Num panorama assim, é fácil surgirem pessoas despreparadas, cujo objetivo único é o exercício do poder e, para azar dos municípios menores, muitas vezes indivíduos de mentalidade curta e tacanha assumem a Prefeitura Municipal e, em lá estando, na falta de metas e planos, se põem a perseguir uns e a privilegiar outros, cercando-se de parentes diretos, próximos e um sem-número de primos – é o regime da “primazia”.
É fácil detectar quando uma administração não vai dar certo: basta observar o perfil do chefe do Executivo e o segmento político que o elegeu e o acompanha. Quando chefe de Executivo se acha cercado de auxiliares sem o menor senso coletivo, combinando insensibilidade com falta de cultura e humildade alguma de aprender, temos desenhado o horizonte de uma administração que, descompromissada, o tempo ocioso, de que convenientemente dispõe, é preenchido com dilapidações do erário público e vingançazinhas apócrifas, uma vez que, em caso de qualquer questionamento mais sério, o autor das malvadas diabruras jamais é encontrado: nega-se tudo, materializando o ditado popular de que “filho feio não tem pai”. E haja CPIs!
Carlos Lúcio Gontijo