Quando quero contar sobre mim, são livros o que conto!

                                                                          Carlos Lúcio Gontijo

            Dia 5 de junho de 2013, nosso site “Flanelinha da Palavra” completou oito anos de vida no espaço da virtualidade, onde disponibilizamos todo o nosso trabalho literário ao público leitor usuário da internet. Ao passo que escrevia este artigo, ouvia a nossa querida Telinha ensaiando uma nova peça de teatro com alguns atores no quintalzinho do prédio da Estação, onde funciona a Secretaria de Cultura e Turismo de Santo Antônio do Monte. Aos nossos ouvidos, o som de alegria da turma, que se divertia com o texto bem-humorado sobre um casamento na roça, nos vinha como música e alento de que nem tudo está perdido neste mundo de tanta gente que age em nome do avanço do mal, numa insana defesa do quanto pior melhor.

            Hoje pela manhã e à tarde recebemos a visita dos historiadores Rildo César e Andréia Ribeiro, autora do livro “Vida social de um bairro belorizontino: o Concórdia“. Ambos têm uma visão mais humanista que técnica sobre a questão dos museus, que são dependentes do desenvolvimento de uma cultura viva, que lhe atraiam público interessado em visitar seus acervos, que por seu turno precisam (pelo menos de vez em quando) ser levados até o povo!

            Dentro de regime orientado pelo processo democrático, não compete ao governo traçar projetos culturais elaborados por burocratas, ainda que sejam notáveis e respeitados intelectuais, pois o que cabe aos governantes é estender a mão às manifestações enraizadas na comunidade. Ou seja, não é preciso ninguém inventar elementos ou bens culturais, uma vez que o povo tanto os tem quanto os vive em seus usos, costumes e horas de lazer.

            Lamentavelmente, nossos governantes são dados a achar que os cidadãos não sabem o que querem e quase sempre incorrem no erro de impor seus desejos particulares ou de grupos a eles ligados, desrespeitando os anseios da população, como se a tutela fosse o melhor caminho, apesar de a formação de gente que saiba o que realmente quer atuar como pilar capaz de abrir a possibilidade de um governo sem a necessidade de se municiar de políticas públicas de compensação e de assistência a cidadãos desprovidos da capacidade de competirem no mercado de trabalho. Em síntese, o Estado precisa dispor de povo educado e suficientemente competente para cuidar de si mesmo, dispensando qualquer forma de paternalismo.

            Os historiadores Rildo e Andréia, da empresa “MinasCidades Memória”, sediada em Sabará, vieram até nós a fim de nos auxiliar no atendimento de exigência de assessoria técnica visando ao recebimento de ICMS Cultural e legalização de bens culturais tombados e inventariados junto a órgãos governamentais. Porém de tudo, o que abertamente nos importa é termos tido a oportunidade de encontro com gente de cultura e que de cultura é, gerando a fertilização de uma cultura viva, que sacode a poeira da indiferença e se faz presente na vida das pessoas, complementando-as com a luz da poesia e da arte – oásis em que se banha e se revitaliza o espírito da sensibilidade, que é indispensável à existência de todos nós.

            Carlos Lúcio Gontijo

            Poeta, escritor e jornalista

           Secretário Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte.  

           www.carlosluciogontijo.jor.br

           06 de junho de 2013