Carlos Lúcio Gontijo
Nossa existência não faz sentido se não nos fizermos capazes de apreender e assimilar os ensinamentos de amor, fraternidade e amizade aos quais temos a oportunidade de assistir ou presenciar vida afora.
Meus períodos de infância e juventude em Santo Antônio do Monte foram fases bastante enriquecedoras em matéria de lições de comportamento relativas à prática do verdadeiro e indispensável amor ao próximo.
Dessa forma, reside em minha mente a figura do médico Wilmar de Oliveira, um brasileiro nascido no Estado do Espírito Santo e que, ao escolher Santo Antônio do Monte para a implementação de sua carreira, tornou-se cidadão santo-antoniense com o transcorrer do tempo e detentor de méritos suficientes para ser alvo de todas as homenagens possíveis ainda em vida.
Lembro-me de seus telefonemas para a casa de meus pais na década de 1960, solicitando à minha mãe Betty que fizesse a maior quantidade de gelo possível, pois iria realizar cirurgia (naquela época geladeira era artigo de luxo presente em meia dúzia de lares). Muitas foram as pessoas salvas pela perícia do médico Wilmar de Oliveira que, sem o auxílio de figura do anestesista – que era sempre ele mesmo – e muitas vezes sob uma iluminação absolutamente precária e tênue, apelidada pela população de “tomatinho”, realizava verdadeiros milagres cirúrgicos.
Meu pai, José Carlos Gontijo, a quem um dia Dr. Wilmar operou numa madrugada de temores e incertezas, tinha irmãos residentes em Moema e os pais morando em Lagoa da Prata, cidades às quais íamos com determinada frequência. Em ambas, a exemplo do que ocorria em todos os municípios da região, a fama do médico Wilmar de Oliveira podia facilmente ser detectada: era comum alguém perguntar por ele.
Recordo que tinha o hábito de jogar bola bem em frente ao consultório em que ele trabalhava até tarde da noite, madrugada adentro. Não foram poucas as vezes que o observei atendendo pacientes ou simplesmente lendo e estudando grossos livros sobre pesquisas e novas técnicas médicas. Sua disposição era explicitamente dar o melhor de si a todos aqueles que buscavam, em seu consultório, alguma solução para seus problemas de saúde.
Cidadãos como o Dr. Wilmar de Oliveira são os que revestem de alma e garantem a identidade humana (e humanitária) às cidades. Não podem ser esquecidos, pois ao exaltá-los estimulamos o aparecimento de seguidores de seu exemplo.
Enfim, Dr. Wilmar de Oliveira nos conduz à crença de que o sucesso real consiste em descobrirmos os nossos dons e talentos e assim procuramos a melhor maneira de utilizá-los em benefício de nossos semelhantes. É esse o sentido da vida e a razão de diretores, professores e alunos se entregarem às salas de aula com o pensamento voltado para a construção de um mundo socialmente menos injusto.
Para terminar, na condição de poeta, deixo um poema em louvor ao cidadão Dr. Wilmar de Oliveira:
Muito deve a cidade ao Dr. Wilmar de Oliveira
Santificado bisturi da sociedade santo-antoniense
Viajante do Estado do Espírito Santo chegado
Sob o manto de alvejante idealismo
Médico ampliador de horizonte
Salvador de vidas em Santo Antônio do Monte
Profissional ciente de que todo esforço compensa
Quando ao passar pelo risco da anestesia e do corte
A recompensa esperada ao final é a sorte plena
De adiar a pena das sombras e mistérios da morte.
Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
www.carlosluciogontijo.jor.br
Artigo publicado no “Jornal Gazeta Montense”
Santo Antônio do Monte, 19 de março de 2010.